dezembro 28, 2006





Sempre vivi de forma distraída, a saborear os pratos sem os saber preparar, a vibrar com os meus álbuns predilectos sem saber as letras das canções, a gerir princípios sem ligar a política. Convivi na minha adolescência com uma melancolia e uma tristeza infinita que me tornava apático a esses detalhes. Ainda bem que a música existe enquanto arte e que não foi engolida pelas "exigências do mercado".

Espera...?! Confundi-me a mim mesmo?...Hãaa...

O nome Zero, não o fui buscar, veio até mim numa memória imagética de uma t-shirt que julgava, sem muita certeza, pertencer a um grupo com o nome Zero, que poderia ter conseguido a minha atenção com um videoclip ou um single na rádio há uma dezena de anos. Bem, na realidade foi mesmo há uma dezena de anos mas pertence a um grupo que criou um dos meus álbuns favoritos, "Mellon Collie and the Infinite Sadness", os Smashing Pumpkins, em que aliás se insere o single "zero".



Foi este o caminho para o nascimento do blogger Zero.

Estamos a falar de meados dos anos 90 e este álbum, e outros que se tornaram nos meus favoritos, chegaram até mim através dum amigo que recebia dicas do primo mais velho. Outras dessas "dicas" foram os Beastie Boys com o EP "Root Down" e os Cypress Hill com o "Temples of Boom". Se é que se pode "perder contacto" com um álbum é isso que se pode dizer da minha relação actual com o "Infinite Sadness" e por isso não vou falar dele antes de o ter em minha posse novamente, mas estes dois últimos álbuns que mencionei, tenho-os em casa. Demarcam-se em género do Infinite Sadness, porque são hip-hop.
Os Beastie Boys, outro dos grupos que permaneceram predilectos, estava eu a nascer já eles andavam a fazer punk e foram cilindrados pelos críticos, poucos anos mais tarde, quando se meteram no hip-hop, acusados de apropriação cultural porque eram brancos e não tinham nada que andar a fazer hip-hop. O único álbum que conheço nem sequer é um álbum, mas um EP direccionado a fãs fanáticos, contendo uma colecção de remixes e gravações ao vivo. Foi com esse CD que conheci e gostei dos Beastie Boys e tenho agora vontade de explorar mais as suas criações. Por coincidência um dos meus filmes predilectos, "Fight Club" tem a banda sonora pelos Dust Brothers que trabalharam junto dos Beastie Boys. Curiosamente os Cypress Hill também não eram afro-americanos e faziam hip-hop, foram os primeiros rapers latinos de significante importância e este albúm, o terceiro deles, que também é o único que conheço, gosto dele por causa da sonoridade sombria e fantasmagórica aliada ao poderoso bass característico do bom hip-hop.

2 comentários:

Anónimo disse...

My reflection, dirty mirror
There's no connection to myself
I'm your lover, I'm your zero
I'm the face in your dreams of glass
So save your prayers
For when we're really gonna need'em
Throw out your cares and fly
Wanna go for a ride?

Grande letra de uma grande banda.
Boa inspiração...

zero disse...

Sim, confesso que às letras dos Smashing Pumpkins eu ligava, era a excepção.
Cheguei mesmo a rabiscar alguns poemas plagiando e distorcendo, passando para português quase todos as imagens desta letra, que é mesmo a minha favorita!
Foi mesmo bull's eye.
Obrigado pelo teu comentário darknesscircle.